O custo real que se tem para usar um micro, profissionalmente ou para lazer, vai além da aquisição pura e simples do equipamento e dos programas. Ao longo do tempo, além deste custo inicial, a posse e uso de um PC requer despesas com sua instalação física, configuração dos programas e dos periféricos, manutenção do hardware e dos softwares, treinamento com os sistemas e vários outros itens. Considerando-se os custos totais, nem sempre se pode afirmar que os micros feitos por grandes fabricantes são mais baratos do que os micros montados. De maneira equivocada, muita gente pensa apenas no custo inicial de aquisição, esquecendo-se dos demais fatores.
Acontece que os grandes fabricantes de computadores — como a HP, Lenovo e Acer — abaixam o custo por que produzem em larga escala. Para tanto, projetam e mandam construir componentes feitos sob encomenda, o que costuma dificultar a manutenção e atualização do equipamento. Em geral, estes micros “de marca” usam uma placa-mãe que concentra os componentes mais importantes e que são também os que se tornam obsoletos mais rapidamente. Estamos falando de processador, chipset, memória RAM e, na maioria dos modelos, até da placa de vídeo. Esta simplificação, junto ao uso de componentes personalizados, costuma tornar as atualizações e manutenções mais difíceis de fazer em um computador de grande marca do que num modelo genérico desde, claro, que este último tenha sido montado por um técnico gabaritado.
Digamos que a placa-mãe de um micro de grife esteja defeituosa. Sua substituição só poderá ser feita por outra placa comprada na assistência autorizada, e ela vai custar tão caro que o conserto será inviável, tornando-se mais interessante comprar um micro novo. Se fosse um micro montado a placa-mãe poderia ser substituída por um modelo similar, novo ou usado, comprado facilmente no mercado especializado por valores que dificilmente passarão de 20 ou 30% do preço de um micro novo.
Outro exemplo: você gostaria de atualizar o sistema operacional de um micro de marca, só que o fabricante não fornece os drivers de dispositivos necessários para a nova versão de Windows. Se fosse um micro montado, com base em uma placa-mãe de fabricante conhecido, estariam disponíveis drivers para todas as versões de Windows compatíveis com aquele modelo.
Devido a esta dificuldade de manutenção e upgrade, considerando-se ao longo do tempo, um micro montado pode ter vida útil mais longa e, conseqüentemente, um custo de propriedade menor em relação aos seus congêneres produzidos em larga escala.
Justamente por isto, o mercado de montagem de computadores é muito forte, respondem por boa parcela do número de computadores. Isto mostra como a personalização e a facilidade de modificação e de upgrade são argumentos fortes na hora de comprar um micro novo, abrindo um enorme campo de trabalho para os técnicos de informática.
A eterna briga: micros “De Marca” X micros montados
Já vimos que as despesas para se usar um micro incluem, além do custo de aquisição inicial, fatores como a compra (ou licenciamento) dos programas e sua respectiva configuração, sem falar na instalação e manutenção do computador, propriamente dito, no local onde vai funcionar. Para que esse custo total de um micro montado seja inferior ou comparável ao de um micro de grife torna-se necessário que todos seus componentes sejam escolhidos a dedo, um por um. Esta escolha minuciosa também é um dos fatores que causam grande satisfação ao proprietário de um micro montado. Fazendo uma comparação grosseira, é a mesma diferença entre comprar uma calça pronta numa loja ou mandar fazer sob medida num bom alfaiate, onde podemos escolher o tecido, o estilo do corte, os acabamentos, os botões, a quantidade de bolsos e até a cor do ziper.
Atualmente os micros de fabricantes regularmente estabelecidos competem de igual para igual, em termos de preço, com os microcomputadores “sem marca” ou montados. Continuam existindo, entretanto, circunstâncias em que a montagem de um computador com componentes separados é mais vantajosa do que adquiri-lo de um grande fabricante, mesmo levando-se em conta as vantagens que estes oferecem, como longos prazos de garantia, assistência técnica e financiamento. Veja a seguir algumas situações onde se recomenda a montagem de um computador ao invés de adquiri-lo pronto.
• Aplicações corporativas - Na instalação de sistemas informatizados em empresas nem sempre se acha um equipamento pronto que atenda à especificação para determinada tarefa. Alguns sistemas exigem a instalação de placas dentro do micro, o que costuma invalidar a garantia da maioria dos fabricantes. Estas placas podem ser de rede ou um modem, por exemplo. Além disto, a empresa pode optar por utilizar Linux ou suas próprias cópias de Windows, e não as que acompanham os micros de grife e aumentam seu preço. Outra situação: a empresa pode precisar de um monitor maior, de 22 ou 32”, ou menor, de 9 ou 10”, o que dificilmente conseguirá nos micros de marca. Estes e muitos outros detalhes costumam ser deixados de lado pelos grandes fabricantes, os quais montam configurações que possam atender à maior parte dos possíveis compradores.
Computadores com alto poder de processamento gráfico - Aplicações gráficas como editoração eletrônica, edição de vídeo e desenhos em CAD necessitam de placas de vídeo especiais, grande espaço de armazenamento, a maior capacidade de processamento que se possa conseguir e, às vezes, até de sistemas RAID (vide Revista PnP nº 10) . Dificilmente os computadores prontos encontrados no comércio atenderiam estes requisitos a um preço competitivo.
• Servidores de rede - Necessitam de grandes espaços de armazenamento, alta performance e sistema RAID, além de acessórios especiais como múltiplas placas de rede, gravadores de DVD padrão Blu-ray, placas multi-seriais e outros acessórios especiais. Os equipamentos comerciais que atendem estes requisitos são bem mais caros e difíceis de encontrar do que montar um sob encomenda, segundo as necessidades.
• Terminais para entrada e consulta de dados - Terminais são cada vez mais usados no comércio, nas escolas e em automação industrial. Rodam os aplicativos direto a partir de um servidor, que pode ser Windows Server ou Linux (vide artigo na página 37). Estes terminais são micros simplificados, pois não necessitam de muita memória RAM nem de grande espaço de armazenamento. Por outro lado, podem precisar de acessórios como leitores de código de barras, placas de rede diferentes, modems e outros, dependendo do sistema que estiver em uso.
• Micros para games ou com tecnologia mais atual - Os grandes fabricantes de equipamentos necessitam da economia de escala, ou seja, precisam fabricar uma grande quantidade de cada um dos seus diversos modelos, para ter preço competitivo. Desta forma, existe certa demora em incorporar as últimas tecnologias, invariavelmente mais caras do que a tecnologia mais popular no momento. Se compararmos o preço e os recursos de um micro montado, que incorpore grande capacidade de armazenamento e o maior poder de processamento disponível, fatalmente os micros dos grandes fabricantes serão bem mais caros do que os montados artesanalmente. Por estes motivos, os adeptos dos games dificilmente usam micros de grife e geralmente montam suas próprias máquinas. A idéia é utilizar placas de vídeo potentes, grandes coolers, gabinetes incrementados, muita memória RAM e muito espaço no disco rígido.
Um ponto chave: devemos comprar “soluções” e não “equipamentos”
Este é um acontecimento que muitos dos leitores provavelmente já enfrentaram. Quantas vezes os técnicos de informática fazem uma cotação de preço para montar um micro para um cliente o qual, no final das contas, acaba optando por comprar numa papelaria ou pela internet, por ser um pouco mais barato?
Até aí está tudo certo, afinal, todo mundo tem direito de optar pelo que acha melhor para si. Entretanto, estes micros vêm “pelados”, quando muito com a instalação do Windows, e aí os compradores sentem necessidade de voltar ao técnico para instalar os programas e configurar periféricos como impressora, rede, câmera e internet.
Aproveitemos, portanto, este artigo para divulgar uma forma de pensar que temos há décadas. Este é um ponto que sempre defendemos, ou seja:
“O técnico que monta micros nunca deveria dizer que vende equipamentos, mas sim que oferece soluções”.
Isto porque o micro, em si, é apenas parte de uma solução maior. Ninguém compra computador para ficar parado em cima da mesa, mas sim para realizar uma tarefa, nem que esta seja simplesmente navegar na internet.
Assim, os micros montados artesanalmente podem — e devem — ser entregues com todos os programas e periféricos instalados e funcionando perfeitamente, ou seja: o cliente precisa estar ciente de que está adquirindo uma solução para suas necessidades de informática e não simplesmente comprando um computador, o que seria muito pouco para representar o trabalho do técnico que monta micros.
Pensando assim, mesmo que os computadores de marca e os montados custassem a mesma coisa, o montado já estaria mais barato pois vem pronto para uso e personalizado para cada cliente, enquanto que o micro de marca precisa ser trabalhado por alguém que instalará tudo o que o usuário precisa para trabalhar com o micro.
Uma vez estando decidido que é melhor montar seus próprios micros, para você mesmo ou como atividade profissional, por onde começar? Simples: pela escolha das peças. É preciso saber para que serve cada uma delas, como escolher e como comprá-las. É isto o que analisamos a fundo nas edições 11 e 12 da Revista PnP, de onde esta pequena introdução foi extraída. Sugerimos a leitura destas edições para uma melhor compreensão da montagem e configuração de computadores.
Saiba mais sobre a montagem de micros:
Revista PnP nº 11 - Escolhendo e comprando os componentes dos micros
Revista PnP nº 12 - Montagem de computadores passo-a-passo
Veja este artigo na íntegra, com muito mais dicas, no site da Revista PnP: Computadores: melhor montar ou comprar pronto?
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