Pode parecer óbvio, mas acontece e muito. O usuário comum de computadores não tem a menor idéia do que é ou onde está o sistema operacional. De fato, a maioria dos usuários não consegue sequer distinguir o Windows XP do Vista e do Windows 7. Com isto, muita gente que começa a usar o Linux deseja fazer as coisas da mesma forma que fazia nos micros com Windows. Assim, é preciso fazer com que os novos usuários de Linux entendam que estão usando uma nova base de computação, no caso, o Linux ao invés do Windows, e que isto muda a forma como as coisas são feitas. Simplesmente, porque o Linux funciona de outra maneira. Vide o próximo tópico:
2 – Não achar o software de que necessita.
Devido ao fato de que muitos novos usuários de Linux estão vindo do mundo Windows, eles pensam que os programas podem ser conseguidos e instalados da mesma forma. Só que, na maior parte dos casos, este não é o caso. Os novos usuários devem familiarizar-se com o sistema de gerenciamento de pacotes de software do Linux, em especial com ferramentas como o Synaptic, Packagekit e o Ubuntu Software Center. Cada um destes aplicativos contêm milhares de programas, para todas as finalidades, e é muito provável que cada usuário encontre exatamente o que precisa, e de graça, nestes locais onde ficam os programas para Linux. As maiores dificuldades ficam para quem é viciado em “joguinhos” ou precisa utilizar alguma ferramenta profissional avançada com os programas da Creative Suite da Adobe, ou então pacotes específicos com o AutoCAD. Quem precisa rodar um Photoshop ou CorelDRAW deve ficar com o Windows, não existe programa similar à altura destes e que roda satisfatoriamente no Windows a tal ponto que consiga substituir um micro Windows nesta função.
3 – Tentar rodar arquivos EXE.
Os arquivos executáveis para Windows estão por toda parte, principalmente nos sites de download e nos CDs de instalação de programas que estão por aí, legais ou não. Só que no Linux tudo isto não funciona, a não ser que se instale um emulador como o WINE, mas isto é tarefa para usuários avançados. Para o usuário comum e iniciante resta entender que o Linux é outro sistema operacional e precisa de programas feitos especificamente para ele.
4 – Escolher a distribuição errada.
Um dos pontos fortes do Linux sempre foi ao mesmo tempo o seu ponto fraco. A enorme quantidade de distribuições Linux dificulta a escolha de quem está começando, porque existem distribuições para todas as finalidades, e se um iniciante quiser usar uma distribuição para especialistas, com o o Slackware, Fedora ou o Debian, certamente vai achar que o Linux “não presta”. Vem daí, justamente o sucesso do Ubuntu Linux, que conseguiu ser fácil de usar ao mesmo tempo em que facilita o acesso aos recursos avançados do Linux. Mas não é preciso ficar limitado ao Ubuntu, existem outras distribuições tão fáceis de usar quanto ele, e elas estão presentes principalmente nos micros que vêm de fábrica com o Linux pré-instalado.
5 – Mandar documentos do OpenOffice para usuários do Microsoft Office.
O pacote de escritório mais usado no Linux é o OpenOffice. Apesar de poder ler e gravar arquivos nos mesmos formatos do Word, Excel e Powerpoint, o OpenOffice precisa ser instruído para usar estes formatos de arquivo e não o seu formato padrão, que é incompatível com o Office. Lembre-se, os produtos da Microsoft não foram criados para gerar arquivos multi-plataforma ou compatíveis com outros produtos. Para quem usa Linux, o jeito é salvar os documentos em formatos de arquivo que sejam abertos e universais. Pode-se preferir o formato PDF ao invés do DOCX, por exemplo, ou o PNG ao invés do JPG.
6 – Evitar a linha de comando.
Muita gente tem a impressão de que a linha de comando, tanto do Windows como o Linux, é inútil, ultrapassada e desnecessária. Mas não é verdade, principalmente no Linux a linha de comando pode ser a maneira mais rápida e completa para ter acesso a todos os recursos do sistema. É comum vermos pessoas que fazem maravilhas com um programa gráfico como, por exemplo, o Photoshop, mas entram em pane quando precisam digitar qualquer coisa na linha de comando. Em especial no Linux, os novos usuários devem procurar entender a linha de comando, isto certamente vai torná-los usuários mais capazes e eficientes.
7 – Desistir muito rápido.
Este é outro fato que vemos acontecer freqüentemente. Depois de apenas algumas horas trabalhando com o Linux, os novos usuários resolvem voltar para o Windows por um ou outro motivo. Claro, é perfeitamente admissível abandonar o Linux porque não encontrou a solução para alguma necessidade específica que o usuário tenha, mas é. Um caso típico é o que já citamos, por exemplo, de um usuário que PRECISA rodar o Photoshop ao invés do GIMP, seu equivalente no Linux. Entretanto, para o usuário normal que usa o micro para um pacote de escritórios e para acessar a internet o Linux é excelente, além de ser mais seguro. Os administradores de sistema que estão lidando com novos usuários de Linux deveriam dar-lhes um pouco mais atenção e informação, pois uma vez vencida as primeiras dificuldades com o Linux passa-se a gostar e apreciá-lo por suas inegáveis qualidades.
8 – Pensar que o sistema de discos e usuários do Windows é igual no Linux.
Os novos usuários de Linux estranham a maneira de se referir às pastas e unidades de disco. No Linux não existe o disco C: e não se usa a barra invertida (“”). Não se recomenda usar espaços nos nomes de arquivo. É impossível fazer um mapeamento completo, pasta por pasta, do Windows para o Linux. O máximo que se pode dizer é que o “C:” do Windows é igual ao “/” do Linux, e talvez que a “pasta padrão” do Windows é a “~/” do Linux, mas para ir além disto é preciso realmente entender como é o sistema de arquivos e de usuários do Linux. Como primeira etapa, os novos usuários de Linux devem entender que tudo começa no diretório raiz (“/”) e que seus arquivos (equivalente aos “Meus documentos” do Windows) está em seu diretório “home”, por exemplo: para o usuário “marcos”, sua pasta padrão será a /home/marcos.
9 – Não fazer atualizações.
É possível danificar irremediavelmente um sistema Windows ao fazer atualizações nos programas. No Linux isto é muito raro, desde que a atualização tenha sido feita com as ferramentas corretas. Mas, tanto em um como no outro, é fundamental manter todos os programas atualizados em nome da estabilidade e segurança do próprio usuário, da empresa e até da própria internet como um todo.
10 – Trabalhar como o usuário “root”.
Para quem não sabe, o usuário “root” do Linux é o equivalente ao “Administrador” do Windows, ou seja, é aquele que pode fazer tudo no sistema, inclusive destruí-lo. Felizmente, as distribuições Linux modernas, como o Ubuntu, não permitem que o usuário “root” seja usado indiscriminadamente, como acontece no mundo Windows. No Linux, o usuário atuará como “root” apenas quando necessário para fazer, digamos, a instalação de um programa ou a alteração de uma configuração no sistema. Mas porque isto é tão importante? Se algum invasor conseguir acesso ao sistema e o usuário atual estiver logado como “root” ou “administrador” o invasor terá acesso total ao sistema, poderá fazer o que bem entender o que, obviamente, é uma enorme falha de segurança.
11 – Perder-se no sistema de paginação do Linux.
O sistema de paginação do Linux confunde quem vem do mundo Windows. Este último usa apenas uma “página” onde ficam as janelas abertas, já no Linux é possível ter várias “páginas” onde os aplicativos ficam rodando. Este é um dos recursos mais úteis do Linux, mas os novos usuários não compreendem muito bem o recurso e “se perdem” nele, parece que os trabalhos em execução “sumiram”, como se o micro tivesse “dado pau”. Onde eles foram? Estavam aqui um segundo atrás!!! Não é isto, muito provavelmente eles foram movidos para outra pagina, em outro desktop. É preciso ensinar os novos usuários de Linux a usar este recurso tão poderoso, caso contrário ele pode começar a achar que é um erro do Linux.
12 – Ignorar a segurança, só porque está usando Linux.
É comum escutar os entusiastas falarem coisas como “nos 10 anos em que uso o Linux, nunca peguei um vírus sequer”. Mesmo que seja verdade (e deve ser) isto não significa que a segurança deve ser deixada em segundo plano só porque estamos usando Linux e não o Windows. Mesmo que existam muito menos vírus para Linux do que para Windows, eles existem e são muito perigosos, pois mesmo que a máquina Linux seja resistente, ela pode servir como trampolim para as pragas virtuais se disseminarem ao contaminar outros micros com Windows através da rede local ou da Internet. Assim, os novos usuários de Linux – assim como os usuários antigos – nunca devem ignorar a segurança só porque estão usando Linux. Segurança sempre é fundamental, independentemente de qual sistema operacional estiver em uso.
Veja este artigo na íntegra no site da Revista PnP: Erros mais comuns dos novatos em Linux